9 de março de 2006
OSCARS 2006
Com tanta unanimidade à volta de «O Segredo de Brokeback Mountain», foi de facto surpreendente a vitória de «Colisão» na categoria mais importante – Oscar de Melhor Filme. Embora nas restantes categorias principais não se tivessem registado surpresas, o acontecimento da noite foi suficiente para colocar em causa muitas antevisões que dão como certas as escolhas da Academia e tentam retirar a emoção da incerteza quanto aos vencedores deste prémios.
Com pena minha, este ano não consegui acompanhar a cerimónia em directo e apenas vi o compacto. Hilariante o início com os ex-apresentadores Billy Crystal e Chris Rock dentro da tenda, assim como a piada sobre o facto de Martin Scorsese não ter ganho nenhum Oscar ao contrário do grupo rapper que levou o Oscar de Melhor Canção Original.
Já se sabe que os Oscars valem o que valem, ou seja, não são a medida padrão para aferir a qualidade da produção cinematográfica annual (embora algumas pessoas continuem a vê-los como isso – uma espécie de «Liga dos Campeões» do cinema), mas é sempre um espectáculo irresistível para qualquer cinéfilo (quanto mais não seja pelas piadas constantes sobre o meio). Apenas para ver em palco Jack Nicholson, Dustin Hoffman, Nicole Kidman e muitos outros, e através dessas imagens sermos conduzidos numa estonteante viagem interior até às personagens inesquecíveis que criaram, já vale a pena o tempo dispensado.
Assinale-se este ano a nomeação de filmes que retratam essencialmente realidades actuais em detrimento de divertimentos mais ou menos escapistas, com a característica adicional de terem sido feitos com orçamentos modestos e campanhas de marketing que não se substituiram aos objectos em si.
Claro que nestas ocasiões todos temos os nossos favoritos. E se reconheço que «Colisão» é um grande filme (não vi ainda os outros três), «Munique» é ainda maior. Mas lá está, os Oscars fazem a festa e oleiam a indústria, mas na nossa memória e alma ficam as emoções por que passamos na sala escura.
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