18 de fevereiro de 2013

O Impossível (The Impossible, 2012), de Juan Antonio Bayona


A estrutura não vai, de facto, muito além da de um telefilme, mas acaba por valer a pena o visionamento pelos actores, pela excelente reconstituição do tenebroso desastre natural e porque, afinal, faz parte da natureza humana emocionarmo-nos com uma família que, após a desintegração, se consegue reunir (quem tem filhos, então, vai precisar de mais lenços).

15 de fevereiro de 2013

Bestas do Sul Selvagem (Beasts of the Southern Wild, 2012), de Benh Zeitlin



Um daqueles filmes que surgem das margens às grandes produções e acabam por obter um reconhecimento bem merecido. Primeiro, é uma história que agarra o espectador, ou seja, uma eloquente ilustração da força do cinema narrativo. Depois, temos o prazer de assistir ao domínio da criatividade sobre os meios de produção, já que, neste caso, isso significa também a vitória do ser sobre o ter. A pequena protagonista é, certamente, fabulosa (embora seja duvidosa a nomeação para o Óscar), e o mais que se pode dizer é que sabe mesmo bem fruir de um filme cujo exotismo serve para confirmar uma verdade humana essencial. Qual? A de que todos encerramos uma história única, que resulta da imbricação de duas dimensões: a real e a imaginária. E há uma sequência magnífica, perto do final, que envolve um alcouce de luzes multicolores e pedaços de jacaré panado...

8 de fevereiro de 2013

Mata-os Suavemente (Killing them Softly, 2012), de Andrew Dominik


Confesso-me desconcertado. Por um lado, enalteço a forma como o filme se desalinha dos filmes de gangsters industriais e se assume como um "filme de autor", proporcionando a muito referida lentidão (que passa pelo domínio dos diálogos sobre a acção) que já marcara a obra anterior do realizador e que é responsável pelo estilo do filme. Por outro, estou em crer que falta aqui uma real sedução do espectador e que o subtil paralelismo com a actualidade económica acaba por falhar os seus intentos. Ainda assim, há cenas excelentes, como a da morte da personagem do fantástico Ray Liotta. Mas o sabor final demonstra que a brandura de processos origina a brandura de resultados. E dá ainda mais vontade de rever «Goodfellas» ou «Casino».