Com este "Terminal de aeroporto", Steven Spielberg confirma todo o seu eclectismo, virtuosismo e humanismo. Eclectismo porque uma vez mais aborda um tema diferente das suas obras anteriores: o limbo espacial como local de confluência da fábula sobre os pequenos grande feitos da vida. Na terra de ninguém por excelência (um aeroporto), um microcosmo da sociedade americana é marcado de forma indelével por um estrangeiro de coração de ouro com uma missão capaz de dar jazz aos nossos corações. É talvez o seu filme mais cómico (a par do injustamente fracassado - mas irresistível - "1941 - Ano Louco em Hollywood"), surpreendendo pelo poder de proliferação de situações humorísticas nos mais variados contextos (a esse propósito, o jantar romântico é um achado). Virtuosismo, que é já uma imagem de marca, pela forma irrepreensível como filma os mais variados géneros com mestria e sem repetir fórmulas narrativas ou visuais. Enfim, o humanismo, outra marca de alguém que não deixa de acreditar na raça humana, na sua complexidade e nas suas emoções.
Sendo um dos filmes de Spielberg mais críticos em relação ao sistema legal norte-americano (mais uma novidade), não deixa, contudo, de celebrar a miscigenação e a tolerância como alicerces do que se designa por "american way of life", não sem colocar a nu muitas das suas contradições.
"Terminal de aeroporto" é um filme do coração, sentimental por vezes, hilariante com frequência, fonte inesgotável de entretenimento, com uma banda sonora fabulosa do mestre John Williams e um trabalho de cenografia absolutamente perfeito.
Uma delícia de um autor que não se cansa de nos presentear com objectos de fascínio.
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