6 de julho de 2004

"O Dia Depois de Amanhã" (The Day After Tomorrow, 2004), de Roland Emmerich

É verdade que sabe bem ver num "blockbuster" desta dimensão as críticas políticas à administração norte-americana (designadamente a sua despreocupação ambiental) e algumas sequências cheias de humor negro (como o repórter atingido em cheio a meio de uma reportagem ou os refugiados americanos a tentar entrar no México). Contudo, se repararmos bem, não vislumbramos substancial diferença global relativamente a outros rotineiros representantes deste género de filme "ataque-às-bilheteiras-com-efeitos-visuais-de-arregalar-os-olhos". Uma vez mais, não existe corpo dramático que apoie o desfile de efeitos visuais. Os actores não se portam mal, mas estão enredados na fórmula que traz a irritante previsibilidade. E, claro, as vedetas são mesmo os efeitos especiais, muito bons, como é habitual nestas grandes produções catastróficas. O problema é que é impossível deixar de pensar como a intensidade de uma grande interpretação pode ter um efeito emocional muito superior ao da submersão parcial de Nova Iorque - e aqui ela não existe. Filme razoável, ainda assim, mas descartável.

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