6 de abril de 2006

O Segredo de Brokeback Mountain (“Brokeback Mountain”, 2005), de Ang Lee


Este muito badalado filme confirma os seus méritos. É, de facto, uma história de amor triste mas excepcionalmente bem contada e interpretada. Homossexual, é um facto. Mostra como o verdadeiro amor é algo que acontece independentemente de género, circunstâncias ou outros quaisquer limites que se lhe queira pôr.
O impacto social que está a ter mede-se, sem dúvida, pelo número de anedotas e citações que tem tido nos mais diversos meios de comunicação (desde os programas de TV de grande audiência até aos “forwards” electrónicos que recebemos de amigos). Quando isso acontece, é incontornável que estamos na presença de um clássico.
Os dois cowboys protagonistas dão-nos um retrato muito realista de uma história que podia ter acontecido, corporizando de forma emotiva as nuances individuais que cada um coloca na sua relação. Jack ainda chega a acreditar na utopia, mas Ennis está irremediavelmente conformado com a impossibilidade de felicidade. Heath Ledger é particularmente poderoso, numa personagem que dificilmente poderá igualar no futuro, ele que era até aqui um actor bastante limitado e inconsequente. Por isso, surpreende.
O trabalho de Ang Lee também é muito bom, ele que ainda não me tinha arrebatado anteriormente, limitando-se a fazer bons filmes.
E é muito apropriada a referência a “As Pontes de Madison County”, a obra-prima romântica de Clint Eastwood. Tal como nesse filme, também aqui somos transportados para a intimidade entre dois seres que têm na sua relação um inferno/paraíso de que não conseguem escapar. Algo que se lhes cola à alma de forma indelével.