9 de agosto de 2005

O insustentável desprezo por distribuir

Olhar para o (arrepiante) conjunto de estreias cinematográficas da última semana (a pior do ano?), fez-me pensar no material que as distribuidoras portuguesas deperdiçam, dando honras de estreia em sala a (sub-)produtos que nem sequer é difícil adivinhar que se destinam ao fracasso comercial. Temos que aceitar que há filmes maus que inevitavelmente terão que estrear por terem potencial comercial, mas os filmes maus que não têm esse potencial não poderiam ser substituídos por filmes bons, ou pelo menos interessantes? É sabido que as premissas negociais com os grandes estúdios «obrigam» a comprar filmes pouco interessantes para se poder ficar com os interessantes, mas não obrigam a estreá-los. Em contrapartida, continuam inéditos muitos filmes que aliam a qualidade com um assinalável potencial de sucesso, como João Lopes lembra na última edição da «Premiere» a propósito de «O Detective Cantor» mais o seu estrelado elenco.
Se as distribuidoras têm dificuldade em encontrar «melhor produto», perguntem-nos (a nós, cinéfilos) que nós daremos muitas sugestões. Só assim rapidamente posso citar alguns exemplos de filmes que tinham todo o potencial para estrear em sala e não estrearam, e reporto-me apenas aos anos de produção de 2003 e 2004 (pois os de 2005 ainda podem estrear):

«The United States of Leland» (2003), de Matthew Ryan Hoge, com Don Cheadle, Ryan Gosling, Chris Klein, Jena Malone, Lena Olin e Kevin Spacey

«The Snow Walker» (2003), de Charles Martin Smith, com Barry Pepper e James Cromwell

«Napoleon Dynamite» (2004), de Jared Hess, com Jon Heder

«Layer Cake» (2004), de Matthew Vaughn, com Daniel Craig

«Two Brothers» (2004), de Jean Jacques Annaud, com Guy Pearce e Freddie Highmore

«Shaun of the Dead» (2004), de Edgar Wright, uma comédia romântica com zombies!


E não me venham com a «silly season», pois os espectadores não são assim tão sillies…

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