Aquilo que mais me agradou nesta nova incursão pelo mundo do famoso herói com fato de morcego foi a forma não estereotipada como foi feita a sua abordagem cinematográfica. Não se vê aqui a maioria dos clichés presentes em muitas adaptações de personagens da BD, conseguindo também ser diferente dos universos criados previamente para a mesma personagem por Tim Burton e Joel Schumacher. Desde logo, o filme faz uma descolagem da BD - que se pretende realista - para dar mais espessura psicológica a Bruce Wayne e para trazer explicações para os seus actos à luz de um cenário compreensível pelos padrões do cinema não fantasioso (chamemos-lhe assim para o distinguirmos daquele que se assume passar-se num mundo com outras regras, característico das adaptações da BD). Esse aspecto é conseguido e fornece sequências de algum empolgamento. Contudo, aquilo que era uma inovação é também um risco. Isso nota-se e gera algum desequilíbrio global, acentuado por uma montagem e realização que nem sempre são os mais adequados.
É muito interessante ver um Batman destroçado e em conflito interior, no limiar de uma passagem para o «lado negro», mas isso nem sempre tem total correspondência com o mundo que está à sua volta. Da mesma forma, é interessante ver uma Gotham alternativa, uma espécie de Nova Iorque decadente e futurista.
É essa tentativa de imbricar o universo da BD com o mundo real que traz a mais-valia a este novo «Batman» que, contudo, não faz esquecer os grandes filmes de Tim Burton. Mas é um filme muito interessante.
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