Mais uma lição de cinema do mestre. Prodigiosa cinematização da vida do excêntrico milionário Howard Hughes, desempenhado de forma fabulosa por Leonardo Di Caprio. Ao contrário das biografias politicamente correctas que abordam os principais acontecimentos da vida do biografado, do nascimento até à morte, «O Aviador» pega na personagem de Hughes e trabalha-a na sua essência sem se preocupar em ser abrangente ou linear. Mostra o fascínio de um homem com sonhos estratosféricos e paixões obsessivas. Dá a ver as contradições e vulnerabilidades de um génio tão humano e inspirador, sem o retirar das convulsões do seu tempo e das idiossincrasias do seu país. Combina o plano geral – a comédia involuntária que protagoniza com as suas manias e excentricidades – com o grande plano – a tragédia de um homem só com a sua vontade de transcender todos os limites. O cinema é obviamente o palco privilegiado para as façanhas humanas que ousam o alargamento de fronteiras – emocionais, afectivas, éticas ou políticas. Martin Scorsese é um artista maior desta sétima arte e aqui proporciona-nos uma maravilhosa incursão pelos sonhos e ambições mais desmedidas do ser humano. A sua genial realização convoca o imaginário do cinema e presenteia-nos com reminiscências de «Citizen Kane», «Tucker» ou «Larry Flynt», acrescentando à história dos filmes (mais) um retrato ímpar de um verdadeiro herói.
E se a perfeição técnica já não admira nas obras de Marty (grande montagem, fotografia e direcção artística…), vale a pena realçar a magnífica interpretação de Leonardo Di Caprio (quem anda distraído ainda é capaz de falar na sua bonita cara) e a estupenda galeria de secundários, com Alan Alda, Alec Baldwin, John C. Reilly e Cate Blanchett, entre outros.
Deliciemo-nos com «O Aviador», regozijemo-nos com o talento inato de Scorsese.
3 comentários:
Pois eu acho que é um filme muito sobrevalorizado, como já tinha acontecido com "Gangs de Nova Iorque". Enfim, gostos...
Claro, gostos... Mas o "Gangs de Nova Iorque" não teve assim tantas opiniões positivas quanto isso. Eu adorei, mas lembro-me que isso esteve longe de se aproximar do consenso...
O filme e bom...Mostra q ele era meio louco,com sua doenca TOC, mas um otimo supervisionario...Ele conseguia "ver" o futuro...mas mto comprido o filme...ficou muito cansativo..poderiam ter feito + curto, ter tirado cenas desnecessarias.
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