1 de abril de 2013

Terra Prometida (Promised Land, 2012), de Gus Van Sant


Chaplin disse um dia que a vida é uma comédia quando vista à distância e uma tragédia quando analisada de perto. O novo filme de Gus Van Sant tem a ver com isto. Aquilo que no fundo é um processo quotidiano do capitalismo vigente - uma empresa a trabalhar com vista à obtenção de lucros milionários - vai-se lentamente transformando numa crítica a uma sociedade que prefere entreter-se com o plano geral em vez de procurar resolver os dramas do grande plano. Esta transformação actua em simultâneo com a transformação do seu admirável protagonista (Matt Damon, co-autor do argumento), que finalmente percebe que é mais uma marioneta de uma engrenagem que o transcende. O filme encena esta problemática com uma apurada delicadeza para com as pessoas e delicia-nos com o seu fino sentido de humor. Em tempos de convulsão económica, este é um filme muito actual, pois coloca a questão central: que sentido tem a acumulação de riqueza se esta não estiver ao serviço do planeta e, por inerência, das pessoas? Pois é, todos temos um preço. Esse continua a ser o problema.

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