6 de julho de 2006
«Hard Candy» (2005), de David Slade
Interessante thriller com um «look» muito limpo e ar de independente, este é um filme que se segue com interesse, pois nunca sabemos muito bem aquilo que nos espera. Embora tenha a pedofilia como pano de fundo, esta história é mais um jogo psicológico entre duas personagens, e com o espectador, do que uma reflexão sobre o tema. Num espaço bem delimitado, os dois actores (óptimos, especialmente a jovem Ellen Page) entregam-se a um exercício de entrega emocional assinalável. O problema é uma certa falta de verosimilhança em muitas situações. A inteligência (a roçar a genialidade), calculismo, frieza e maturidade de uma criança de 14 anos são excessivos, mesmo querendo ter boa vontade. Para além desse «calcanhar de Aquiles», há também algumas situações que forçam a credibilidade e minam aquilo que se queria um exercício em que se pudesse mergulhar sem pensar que estamos a ver uma representação.
Apesar disso, merece elogios pelos diversos momentos de intensas emoções, pelo brilhantismo de alguns diálogos e pelo sentido de humor. Em suma, um bom filme independente, embora algo sobrevalorizado.
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