Ridley Scott, prolífico realizador de elevados recursos estilísticos (vejam-se «Alien», «Blade Runner» ou «Thelma e Louise»), não podia deixar os seus créditos por mãos alheias. Assim, criou com este épico mais um momento (visualmente) espectacular na sua filmografia. O problema é que se preocupou pouco com a parte dramática, permitindo o desequilíbrio total entre a dimensão plástica e a dramatúrgica/interpretativa. Se é um facto que possui um elenco com bons actores, caiu na armadilha de ter como protagonista um actor tão fraco quanto Orlando Bloom. Mas para além deste, os outros também não têm muita oportunidade para gerar momentos emocionantes pelo lado dramático, ficando-nos apenas pela emoção das batalhas e dos momentos de inspiração da câmara sempre talentosa de Scott.
Relativamente ao argumento, é óbvia a tentativa de fazer uma colagem com a actualidade para veicular uma mensagem utópica de convivência pacífica entre os povos e as religiões, mas é escusado criticar os erros de fidelidade histórica. Tal como em muitos outros casos, esta é uma visão inspirada por acontecimentos reais, não uma tentativa de descrever com rigor os factos (para isso existem outros objectos audiovisuais com outras ambições). É muito interessante discutir as diferenças entre ambos (filme e história), mas errado apontá-las como defeito do filme.
Em resumo, um bom espectáculo de aventuras que não conseguiu conciliar o deslumbre cénico com o emocional, ao contrário do que aconteceu com «Gladiador».
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