4 de março de 2007

Pecados Íntimos (Little Children, 2006), de Todd Field


Nos ambientes de "Beleza Americana", este filme explora os subúrbios americanos com a explanação das suas taras e dos seus desejos mais recônditos. Há momentos de grande intensidade dramática, um excelente papel de Kate Winslet (Patrick Wilson também vai muito bem) e muita pertinência analítica que já vinha do livro de Tom Perrotta (que o filme adapta). Apesar do final não ter dado a profundidade e perturbação mais adequada ao desenrolar da trama, fica um filme muito interessante e com alguns grandes momentos.

1 de fevereiro de 2007

Apocalypto (2006), de Mel Gibson


Uma surpresa! Mel Gibson arranca aqui o seu melhor filme: directo, violento, visceral, capaz de não deixar ninguém indiferente. É uma história de aventura e sobrevivência, filmada com um apurado sentido de espectáculo e nunca se detendo para amaciar o ímpeto. Actores muito expressivos, acção quase constante e um fundo de reflexão civilizacional que não desmerece. É excessivo, mas contagia.

18 de janeiro de 2007

Filmes mais esperados de 2007



1 – There Will Be Blood, de Paul Thomas Anderson

2 – Eastern Promises, de David Cronenberg

3 – Beowulf, de Robert Zemeckis

4 – Little Children, de Todd Field

5 – The Fountain, de Darren Aronofsky

6 – The Invasion, de Oliver Hirschbiegel

7 – American Gangster, de Ridley Scott

8 – Evening, de Lajos Koltai

9 – Toyer, de Brian de Palma

10 – El Laberinto del Fauno, de Guillermo del Toro


P.S. Claro que estes são apenas alguns dos que me despertam maior interesse: pelo realizador, pelos actores envolvidos e pela temática dos projectos. Continuo à espera de “Manderlay”, de Lars Von Trier (como é possível ainda não ter estreado quando ainda por cima é a segunda parte de uma trilogia cujo primeiro tomo – “Dogville” – foi tão bem recebido em Portugal?) e ainda de outros filmes que estavam nesta lista o ano passado: “Zodiac”, de David Fincher; “Goya’s Ghosts”, de Milos Forman; “Inland Empire”, de David Lynch; e “Youth Without Youth”, de Francis Ford Coppola.

16 de janeiro de 2007

Melhores Filmes de 2006



1 - Munique, de Steven Spielberg

2 - Babel, de Alejandro González Iñarritu

3 - Uma História de Violência, de David Cronenberg

4 - The Departed: Entre Inimigos, de Martin Scorsese

5 - Match Point, de Woody Allen

6 - O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee

7 - Breakfast on Pluto, de Neil Jordan

8 - Infiltrado, de Spike Lee

9 - O Perfume, de Tom Tykwer

10 - A Criança, de Luc e Jean-Pierre Dardenne


A violência é a temática recorrente nesta lista, seja ela física ou psicológica, conjugal ou devedora da solidão, de origem política ou apenas da natureza. Sem novidade, Spielberg conseguiu uma vez mais fazer o "filme do ano", embora "Babel" lhe fique muito próximo. Faltou-me, como cada vez mais acontece, ver alguns filmes importantes (como, imperdoável, o "World Trade Center", de Oliver Stone).

Babel (2006), de Alejandro González Iñarritu


Uma obra-prima filmada em três continentes e em quatro línguas. "Babel" surge como uma metáfora do mundo contemporâneo, explorando o seu dramatismo e a sua complexidade. Um mergulho no âmago da família, da intimidade, da comunicabilidade ou falta dela, do peso variável de cada vida, dos acasos e dos destinos. “Babel” atinge-nos fundo e fica a ecoar em nós como todos os grandes filmes. No início de 2007 um dos filmes maiores de 2006.

10 de janeiro de 2007

A Rainha (The Queen, 2006), de Stephen Frears


Um bom filme, mas também um filme que não evita que se pense ter estado a assistir a um telefilme. Helen Mirren é extraordinária, a dissecação do período de crise da instituição monárquica durante os dias de luto referentes à morte da Princesa Diana também é interessante, mas falta muita acutilância a Stephen Frears (ele que tem excelentes filmes) para levar este projecto a um desfecho mais empolgante. Ainda assim, uma cena marcante: Isabel II a contemplar o veado que todos procuram, achando algo nela que a devolve ao despojamento do peso da coroa.

28 de dezembro de 2006

“Happy Feet – O Pinguim” (2006), de George Miller


Um bom filme de animação com um belo elenco vocal de onde se destaca Robin Williams. Está longe de um “Shrek” ou um “Nemo”, mas ainda assim vale a pena ver. Ainda por cima tem uma mensagem ecológica bem entrosada na história e que dá origem a uma sequência bem conseguida.

17 de dezembro de 2006

The Departed: Entre Inimigos (“The Departed”, 2006), de Martin Scorsese


Um magnífico filme de “toupeiras” servido por um elenco que brilha a grande nível. Se é sempre de esperar o melhor de um filme de Scorsese, também aqui não saímos desiludidos. Todos os ingredientes são do melhor: argumento, montagem, fotografia, banda sonora (com grandes momentos) e, claro, as representações. No conjunto da obra de Scorsese, este é mesmo dos filmes mais lúdicos, com o apetitoso (mas violento) jogo de máscaras a durar até ao fim, sempre com surpresas e sem buracos na trama. Quanto aos actores, temos o extraordinário Jack Nicholson (num dos seus cada vez mais raros papéis de vilão sério, embora com graça), DiCaprio a provar mais uma vez que a confiança que Marty lhe vem conferindo não é um acaso e, entre outros (para mim, uma surpresa), o brilhante papel de Mark Wahlberg. É sempre um prazer ir ao cinema para ver filmes destes. Já agora, a nota para uma das melhores sequências do filme: a conversa entre DiCaprio e Nicholson no bar com o último a farejar o primeiro (a possível traição) quase até ao tutano…

10 de dezembro de 2006

O Perfume - História de um Assassino (Perfume: The Story of a Murderer, Tom Tykwer, 2006)


Estamos na presença de uma fascinante fábula que nos arrasta para uma história de um mundo onde o olfacto tem um lugar muito especial. O mérito poderá estar em grande parte no romance que lhe deu vida, e imortalizou Patrick Suskind, mas não me parece que o alemão Tom Tykwer se tenha saído mal na sua dificílima transposição em imagens e sons. Não parece ser essa a opinião da maioria dos críticos. Para mim, todavia, foi um grande prazer seguir nesta viagem liderada por um anti-herói trágico, sem odor, que procura acabar com a solidão que o amaldiçoava desde nascença manipulando todos os perfumes do mundo. Merecem destaque os (assinaláveis) meios de produção que edificaram o projecto e lhe deram brilho visual. E uma última palavra para a extraordinária narração em off de John Hurt.

4 de dezembro de 2006

Os Filhos do Homem (The Children of Men, 2006), de Alfonso Cuarón


Valendo acima de tudo pelo seu retrato futurista, cinzento, onde o poente da humanidade se aproxima assustadora e irremediavelmente, esta adaptação do romance de P.D. James não chega a encher as medidas. Sobram, contudo, alguns bons momentos de emoção e um esboço do que poderia ser um mundo sem um dos seus mais preciosos bens: as crianças. Clive Owen está de boa forma e recomenda-se, só se lamentando o pouco tempo de ecrã de Julianne Moore. Um bom filme.