19 de março de 2013
Ferrugem e Osso (De Rouille et d'os, 2012), de Jacques audiard
Um filme poderoso, que mistura nas doses certas os ingredientes do melodrama, preservando um realismo muito contemporâneo. Organizado à volta de duas grandes interpretações, o filme consegue colocar em cena algumas das características mais arreigadas da masculinidade e da feminilidade, através de personagens que podiam fazer parte do nosso mundo, e por isso são tão verosímeis. Excelente a forma como fotografia, montagem, banda sonora e efeitos especiais (sim, daqueles em que não se pensa neles) se ligam de forma harmoniosa, fruto do talento de Jacques Audiard. Inesperado, tocante, por vezes enervante, sedutor, acutilante, terno, ousado. Emocionante, portanto.
10 de março de 2013
Efeitos Secundários (Side Effects, 2013), de Steven Soderbergh
Um thriller muito eficiente, por um dos mais eclécticos cineastas da actualidade. Embora em muitos aspectos se aproxime de uma das suas obras mais recentes («Contágio»), o filme de que mais me recordei foi o seminal «Sexo, Mentiras e Vídeo». Pelo sexo e pelas mentiras, claro, mas também por uma ambiência muito própria, que lhe dá o aspecto de filme independente, mesmo sendo uma produção mais comercial (marca de Soderbergh, que praticamente só não se faz sentir na série «Ocean`s»). É nitidamente um filme-prozac, já que se sai francamente bem-disposto pela degustação fílmica. Com a vantagem de não provocar efeitos secundários. E Rooney Mara, depois do excelente papel em «Millenium 1», continua excelente.
6 de março de 2013
O Substituto (Detachment, 2011), de Tony Kaye
Filme desencantado e fortíssimo, de visionamento obrigatório para professores e para alunos adolescentes. Uma espécie de anti-"Clube dos Poetas Mortos", dilacerada visão do papel da escola, dos professores e da sociedade. Para além da magnífica interpretação de Adrien Brody, o que mais impressiona no filme é a forma como retrata as angústias das suas personagens e como, apesar do negrume, revela que é sempre possível fazer a diferença se nos interessarmos. O problema é a enorme dificuldade de, por vezes, nos interessarmos.
Eu, que já fui professor, revi-me de forma emocionada em muitas sequências e comprovei que se trata de uma das mais difíceis profissões dos nossos tempos (muitos professores são autênticos super-heróis). E aquela sequência em que um professor chega a casa, constata a sua invisibilidade, e a primeira coisa que vê no teste que se prepara para corrigir é um insulto dá vontade de chorar, muito.
2 de março de 2013
O Mentor (The Master, 2012), de Paul Thomas Anderson
Um filme difícil, mas repleto de ingredientes de excelência. Ambivalência é, pois, a palavra que me ocorre. Uma realização longe da espuma dos dias, uma reconstituição de época que não procura exibir os valores de produção, um trabalho notável com os actores, um ritmo que não galvaniza o espectador. PT Anderson mantém-se como figura ímpar na produção de Hollywood e um dos seus "autores" a ter sempre em conta. Mas é, acima de tudo, o brilhantismo da personagem do discípulo o que mais impressiona, numa interpretação do outro mundo de Joaquin Phoenix. Isso, sim, fica na história.
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